Violência Laboral

 

Violência laboral

Tradicionalmente considerava-se agravos relacionados ao trabalho, aqueles que pudessem ser relacionados a agentes químicos, físicos, biológicos ou ainda à organização e intensidade do trabalho. Actualmente e de acordo com a Organização Mundial da Saúde, considera-se violência no trabalho situações em que o trabalhador é agredido física, psicológica ou moralmente em circunstâncias relacionadas ao trabalho, implicando risco para a sua segurança, bem-estar ou saúde. A OMS reconhece que a violência no trabalho afecta milhões de trabalhadores no mundo todo.

O assédio moral no ambiente de trabalho é a exposição dos trabalhadores a situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongadas durante o dia de trabalho e no exercício das suas funções.

A humilhação é um sentimento de ser ofendido/a, menosprezado/a, rebaixado/a, inferiorizado/a, submetido/a, vexado/a, constrangido/a e ultrajado/a pelo outro/a. É sentir-se sem valor, inútil. Magoado/a, revoltado/a, perturbado/a, mortificado/a, traído/a, envergonhado/a, indignado/a e com raiva. A humilhação causa dor, tristeza e sofrimento.

A violência traduz-se em comportamentos dolosos dos empregadores,
conduzidos pela entidade patronal e/ou seus representantes, sejam eles
superiores hierárquicos, colegas e/ou outras quaisquer pessoas com poder de facto para tal, no local de trabalho. Envolve uma comunicação hostil, direccionada de forma sistemática, por um ou mais indivíduos, sobre uma pessoa que é levada para uma posição de fraqueza psicológica.

Os inquéritos realizados pela Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho revelam que 5% dos trabalhadores da Europa afirmaram ser objecto de assédio/intimidação. Em alguns países comunitários, 10-17% deram conta da existência deste problema.

Em Portugal não existem estudos que quantifiquem a vítimas, mas o fenómeno não passa despercebido a ninguém. Existe o conhecimento de muitas, mesmo muitas, situações de violência psicológica, coerção ou assédio moral/sexual. Mas, na maior parte das vezes, as queixas não chegam a ser formalizadas porque os trabalhadores têm medo das represálias.

A violência laboral pressupõe:

  1. Repetição sistemática
  2. Intencionalidade (forçar o outro a abrir mão do emprego)
  3. Direccionalidade (uma pessoa do grupo é escolhida como bode expiatório)
  4. Temporalidade (durante o trabalho, por dias e meses)
  5. Degradação deliberada das condições de trabalho

As suas consequências, revelam-se nas pessoas quer a nível psicológico, quer a nível físico: insónias, ansiedade, stress e depressão, são alguns dos sintomas mais frequentes nas pessoas afectadas por este fenómeno. Passam a conviver com depressão, palpitações, tremores, distúrbios do sono, hipertensão, distúrbios digestivos, dores generalizadas, alteração da libido e pensamentos ou tentativas de suicídios que configuram um quotidiano em sofrimento.

A violência repetitiva e de longa duração interfere na vida do trabalhador de modo directo, e compromete a sua identidade, dignidade e relações afectivas e sociais, causando graves danos à saúde física e mental, que podem evoluir para a incapacidade laboral, desemprego ou mesmo a morte, constituindo um risco invisível, porém concreto, nas relações e condições de trabalho.

O assédio no local de trabalho pode culminar em stress, baixas médicas de longa duração e até mesmo em suicídio. As consequências económicas são: produtividade reduzida, maior absentismo por motivos de doença, maior rotatividade do pessoal, reforma antecipada muitas vezes em idade prematura.

A violência no trabalho não é um facto isolado, baseia-se na repetição ao longo do tempo de práticas de humilhação e constrangimento, explicitando a degradação deliberada das condições de trabalho num contexto de desemprego. A batalha para recuperar a dignidade, a identidade, o respeito no trabalho e a auto-estima, deve passar pela organização de forma colectiva através dos Representantes dos Trabalhadores, dos Sindicatos, da Comissão de Direitos Humanos, etc.

O basta à violência depende também da denúncia, informação, organização e mobilização dos trabalhadores. Um ambiente de trabalho saudável é uma conquista diária possível na medida em que haja "vigilância constante" tendo como objectivo, condições de trabalho dignas, baseadas no respeito ao outro.

Importante: Se é testemunha de cenas de humilhação no trabalho supere o seu medo, seja solidário com o seu colega, denuncie. Poderá ser "a próxima vítima" e nesta hora o apoio dos seus colegas também será precioso. Não esqueça que o medo reforça o poder do agressor!

Não se esconda… denuncie!

 

 

Benilde Almeida